quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Ergonomia e Riscos do Ambiente de Trabalho


Ergonomia
A palavra “Ergonomia” vem de duas palavras Gregas: “ergon” que significa trabalho, e “nomos” que significa leis. Hoje em dia, a palavra é usada para descrever a ciência de “conceber uma tarefa que se adapte ao trabalhador, e não forçar o trabalhador a adaptar-se à tarefa”. Também é chamada de Engenharia dos Factores Humanos, e ultimamente, também se tem preocupado com a Interface Homem-Computador. As preocupações com a ergonomia estão a tornar-se um factor essencial à medida que o uso de computadores tem vindo a evoluir.
Classificação dos Riscos Ambientais
A maioria dos processos pelos quais o homem modifica os materiais extraídos da natureza, para transforma-los em produtos segundo as necessidades tecnológicas atuais, capazes de dispensar no ambiente dos locais de trabalho substâncias que, ao entrarem em contato com o organismo dos trabalhadores, podem acarretar moléstias ou danos a sua saúde.
Assim, também estes processos poderão originar condições físicas de intensidade inadequada para o organismo humano, sendo que ambos os tipos de riscos (físicos e químicos) são geralmente de caracter acumulativo e chegam, as vezes, a produzir graves danos aos trabalhadores.
Para facilitar o estudo dos riscos ambientais, podemos classificá-los em três grupos:
a)      Riscos químicos;
b)      Riscos físicos ;
c)      Riscos biológicos
Por sua vez, cada um destes grupos subdivide-se de acordo com as conseqüências fisiológicas que podem provocar, quer em função das características físico-químicas dos agentes, quer segundo sua ação sobre o organismo, etc.
a) Riscos químicos
As substancias ou produtos químicos que podem contaminar um ambiente de trabalho classificam-se, segundo as suas características físico-químicas, em:
1 - Aerodispersoides;
2 - gases e vapores.
Ambos comportam-se de maneira diferente, tanto no que diz respeito ao período de permanência no ar, quanto às possibilidades de ingresso no organismo. Por sua vez, ao Aerodispersoides podem ser sólidos ou líquidos, atendendo ao seguinte esquema geral de classificação: sólidos em pós e fumos e os líquidos em névoas e neblinas.
Os Aerodispersoides sólidos e líquidos são classificados em relação ao tamanho da partícula e a sua forma de origem. São poeiras e névoas os Aerodispersoides originados por ruptura mecânica de so1idos e líquidos, respectivamente; e são fumos e neblinas aqueles formados por condensação ou oxidação de vapores, provenientes respectivamente, de substancias solidas ou líquidos a temperatura e pressão normais (25o C e 1 atmosfera de pressão).
b) Riscos físicos
Ordinariamente, os riscos físicos representam um intercâmbio brusco de energia entre o organismo e o ambiente, em quantidade superior àquela que o organismo é capaz de suportar, podendo acarretar uma doença profissional. Entre os mais importantes podemos citar:
■  Temperaturas extremas;                                             ■  Calor;
■  Frio;                                                                           ■ Ruído;
■  Vibrações;                                                                  ■ Pressões anormais;
■  Radiações ionizantes;                                                ■  Radiações não ionizantes.
c) Riscos biológicos
Neste ultimo grupo estão classificados os riscos que representam os organismos vivos, tais como:
■   Vírus;                                                                        ■ Bactérias;
■   Fungos;                                                                     ■ Parasitas.
De tudo quanto se tem exposto. podemos concluir que a presença de agentes agressivos nos locais de trabalho representa um risco, mas isto não quer dizer que os trabalhadores expostos venham a contrair alguma doença. Para que isto aconteça, devem concorrer vários fatores, que são: 
·         Tempo de exposição: Quanto maior o tempo de exposição, maiores serão as possibilidades de se produzir uma doença do trabalho. 
·         Concentração ou intensidade dos agentes ambientais: Quanto maior a concentração ou intensidade dos agentes agressivos presentes no ambiente de trabalho, tanto maior a possibilidade de danos à saúde dos trabalhadores expostos. 
·         Características dos agentes ambientais: As características específicas de cada agente também contribuem para a definição de seu potencial de agressividade.
O estudo do ambiente de trabalho, visando estabelecer relação entre esse ambiente e possíveis danos à saúde dos trabalhadores que devem efetuar seus serviços normais nesses locais, constituí o que chamamos de um levantamento de condições ambientais de trabalho. O levantamento pode dividir-se em duas partes.
O estudo qualitativo das condições de trabalho visa coletar o maior numero possível de informações e dados necessários, a fim de fixar as diretrizes a serem seguidas no levantamento quantitativo.
O estudo quantitativo completará o reconhecimento preliminar dos ambientes de trabalho, através de medições adequadas que nos dirão no final quais são as possibilidades de os trabalhadores serem afetados pelos diferentes agentes agressivos presentes nos locais de trabalho,
1 - Levantamento qualitativo
Normas gerais de procedimento:
Deve-se iniciar o reconhecimento qualitativo do ambiente de trabalho com um estudo minucioso de uma planta atualizada do local, assim como de um fluxograma dos processos a fim de estabelecer a forma correta de proceder o levantamento: saber o que fazer e como fazer nos diferentes locais de trabalho. O estudo qualitativo deve dar informação detalhada de aspectos como:
·         Numero de trabalhadores;
·         Horários de trabalho;
·         Matérias-primas usadas, incluindo nome comercial e nome científico das substancias;
·         Maquinarias e processos;
·         Tipos de energia usada para transformação de materiais;
·         Produtos semi-elaborados;
·         Produtos acabados;
·         Substancias complementares usadas nos processos;
·         Existência ou não de equipamentos de controle, tais como: ventilação local, estado em que se encontram os equipamentos, etc.; 
·         Tipo de iluminação e estado das luminárias;
·         Presença de poeiras, fumos, névoas e ponto de origem da dispersão;
·         Uso de EPI por parte dos trabalhadores.
Essas informações devem ser acrescidas de comentários escrito, que permitem esclarecer a situação real do ambiente de trabalho.
A empresa deve assessorar-se de um elemento técnico que esteja familiarizado com os processos industriais, métodos de trabalho e demais atividades que são efetuadas normalmente no local, a fim de obter dados fidedignos e esclarecer as duvidas que possam surgir durante o levantamento.
Para maior facilidade na coleta da informação podem ser utilizadas fichas padronizadas, que tenham condições de reunir as informações mais importantes e necessárias. Não existe um modelo único para fichas desse tipo, já que seu formato e tamanho, bem como os itens constantes das mesmas podem variar em função do tipo de empresa e dos objetivos e finalidades do levantamento. Portanto, o engenheiro de segurança deve elaborar seu próprio material auxiliar cuidando para que tais formulários sejam simples e completos, a fim de que representem um poderoso instrumento que venha a facilitar o levantamento e nunca interferir negativamente em sua qualidade.
2 - Levantamento quantitativo
Uma vez realizado o levantamento qualitativo, já reunimos as condições necessárias para traçar os rumos a serem seguidos no levantamento quantitativo. Este por sua vez, deve ser minucioso e completo, para que represente as condições reais em que se encontra o ambiente de trabalho.
Deve-se, portanto verificar a intensidade ou concentração dos agentes físicos e químicos existentes no local analisado. Dessa forma, são colhidos subsídios para definir as medidas de controle necessárias.
Uma vez adotadas as medidas de controle que alteram as condições de exposição inicialmente avaliadas, será necessário um novo levantamento quantitativo, para se verificar a eficácia das medidas implantadas.
Periodicamente, deverão ser realizadas novas quantificações, a fim de detectar possíveis alterações, que exijam a adoção de novas medidas de controle ou a adequação das já existentes.
Os critérios de avaliação e controle de cada agente serão estudados dentro dos itens específicos.
3 - Suscetibilidade individual
A complexidade do organismo humano implica em que a resposta do organismo a um determinado agente pode variar de indivíduo para indivíduo, Portanto, a suscetibilidade individual é um fator importante a ser considerado.
Todos estes fatores devem ser estudados quando se apresenta um risco potencial de doença do trabalho e, na medida em que este seja claramente estabelecido, podendo planejar a implementação de medidas de controle, que levarão à eliminação ou à minimização do risco em estudo.
O tempo real de exposição será determinado considerando-se a análise da tarefa desenvolvida pelo trabalhador. Essa análise deve incluir estudos, tais como:
·         Tipo de serviço;
·         Movimento do trabalhador ao efetuar o seu serviço;
·         Período de trabalho e descanso, considerando todas as suas possíveis variações durante a jornada de trabalho.
A concentração dos poluentes químicos ou a intensidade dos agentes físicos devem ser avaliadas mediante amostragem nos locais de trabalho, de maneira tal que essas amostragens sejam as mais representativas possíveis da exposição real do trabalhador a esses agentes agressivos. Este estudo deve considerar também as características físico-químicas dos contaminantes e as características próprias que distinguem o tipo de risco físico.
Junto a este estudo ambiental terá de ser feito o estudo médico do trabalhador exposto, a fim de determinar possíveis alterações no seu organismo, provocadas pelos agentes agressivos, que permitirão a instalação de danos mais importantes, se a exposição continuar.
Podemos concluir, então que a Higiene do Trabalho é uma ciência multidisciplinar, que tem por objetivo fundamental a preservação da saúde do trabalhador, o patrimônio mais importante.
Nos itens que se seguem faremos um estudo mais aprofundado dos riscos ambientais, assim como das técnicas empregadas pela Higiene do Trabalho, necessárias para atingir o seu objetivo. Citaremos, também, as Normas Regulamentadoras relacionadas aos quesitos legais, que garantem a todo trabalhador brasileiro o direito de preservar a sua saúde no trabalho.
A Higiene do Trabalho está relacionada com as condições do trabalho que asseguram a saúde física e mental e com as condições de bem-estar das pessoas. Um ambiente saudável de trabalho deve envolver condições ambientais físicas que atuem positivamente sobre todos os órgãos dos sentidos humanos. Do ponto de vista de saúde mental, o ambiente deve envolver condições psicológicos e sociológicas saudáveis e que atuem positivamente nas pessoas, evitando impactos emocionais como o estresse.